Sunday, March 5, 2023

Resenha de “Penélope manda lembranças”, de Marina Colasanti

      


Marina Colasanti nasceu em 1937 na cidade de Asmara, capital da Eritreia, localizada na região conhecida como Chifre da África. Em 1948, transferiu-se com a família para o Brasil, onde vive até hoje na cidade do Rio de Janeiro. Trabalhou como jornalista, escrevendo para o Jornal do Brasil, além de atuar também na televisão, na publicidade, e como tradutora. Em 1968, lançou seu primeiro livro, “Eu sozinha”, e escreveu diversos gêneros, como poesia, contos, crônicas, livros para crianças e jovens e ensaios sobre os temas literatura, o feminino, a arte, os problemas sociais e o amor.

A obra Penélope manda lembranças foi publicada em 2001, e é composta por seis contos: "Penélope manda lembranças", "A hora dos lobos", "Alguém ganha esse jogo", "Um homem tão estranho que...", "Na casa, à noite", "O homem de luva roxa". É ganhadora do prêmio da FNLIJ, na categoria “Jovem hors-concours” (Autor – Obra), no ano de 2001, e o livro é recheado de elementos fantásticos, expondo situações inusitadas pautadas pelo insólito e pelo mágico, como destaca Gabriela Luft.

Embora Colasanti apresente uma escrita madura, o que pode ser difícil em alguns momentos para o público infanto-juvenil, e os personagens da obra em questão sejam pessoas adultas, os elementos fantásticos, bem como as questões trazidas pelos contos, são de interesse dos mais jovens, pois trazem questionamentos de vários temas como saúde mental, vida familiar e social, processos identitários, etc. Além disso, como destaca Gabriela Luft, no artigo “A literatura juvenil brasileira no início do século XXI: autores, obras e tendências” (2010), a partir da década de 80, as obras voltadas ao público infantojuvenil passaram a apresentar novas estruturas e valores, abordando temas de “(...) maior complexidade, o qual se afasta dos pressupostos básicos de uma estrutura simples e um desenvolvimento cronológico linear (LUFT, 2010, p. 5)”.

Diante do exposto, acredito que Penélope manda lembranças é uma boa obra a ser apresentada ao público infantojuvenil, inclusive em sala de aula, pois pode proporcionar ricos debates, além de aproximar a faixa etária de várias discussões contemporâneas importantes, e ainda entrar em contato com uma das grandes escritoras brasileiras do século XX.


Referências:

Gabriela Luft – “A literatura juvenil brasileira no início do século XXI: autores, obras e tendências”. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 36. Brasília, julho-dezembro de 2010, p. 111-130




Alunas: Ana Clara e Beatriz

3 comments:

  1. Muito íntimo esse título e essa capa né? Me encantei com a história e currículo da autora também, que bacana! Parece que vamos ter um encontro marcado com essa literatura também rsrsrs obrigada por me apresentar a obra, após realizar a leitura, voltarei aqui para compartilhar minhas impressões! ^-^

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  2. A Ana Clara e a Beatriz fizeram parceria para escrever duas resenhas, parabéns! Diferente da outra, nesta, percebi mais a voz de vocês e também inseriram a obra na esfera das narrativas juvenis brasieiras contemporâneas, que é um dos critérios de avaliação da atividade. Muito bom!

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  3. A resenha "Penélope manda lembranças" de Marina Colasanti, passa um ar de seriedade, o que não permite o despertar de interesse em certos leitores juvenis. Os títulos de suas obras são vagas, como se quisessem nos mostrar algo a mais do que um título comovente e chamativo.
    Ao decorrer desta resenha percebemos que é um livro que exige uma certa dificuldade em alguns momentos para o público infanto-juvenil, de acordo com as autoras desta resenha, pois apresenta uma escrita madura e personagens adultos.
    Em nenhum momento de minha vida foi mensionado o nome desta autora, ainda que, ela sendo uma das grandes escritoras do Brasil no século XX. No entanto, confesso que me interessei pela forma em que ela retrata seus contos, poemas e livros.
    Podemos constatar que as obras de Marina Colasanti nos levam a refletir e ter ideias contrárias uma das outras, já que, também é mensionado na resenha que, Penélope manda lembranças, pode proporcionar grandes debates.

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