adversidades que poderiam ser vivenciadas por qualquer adolescente e são retratadas de forma natural e delicadas pelo autor.
Ganhador do prêmio Jabuti (2006), classificado como infanto-juvenil, é uma boa pedida para quem intenciona apresentar Clarice Lispector aos jovens já que ela vagueia entre diálogos, permeando os conflitos internos e externos dos personagens, contendo opiniões já formadas de Miguel Marinho, o que pode auxiliar na compreensão por parte do leitor que desconhece sua obra, porém não pense que é um livro estreitamente sobre Lispector pois pode se decepcionar.
A obra se inicia com um conflito entre o narrador (que é um autor personagem) e o personagem principal da estória, Marco César. Ao longo da narrativa é notável o vínculo que se é estabelecido entre os dois, e por conta disso a confiança em que Marco, um adolescente de dezessete anos sente em confessar para ele um crime, crime este cometido em razão de um torpor de emoções, embevecido de frustração após avistar sua até então enamorada dando o que acreditava ser seu por direito, o primeiro beijo, a outro rapaz, Marco comete uma série de ações na tentativa de causar o mesmo sentimento que foi experimentado por ele em Clarice, sua amada.
Clarice neste enredo se divide em duas, a escritora Clarice Lispector e a personagem, uma garota conhecida por Marco na escola, que não por acaso é aficionada em Clarice, a que escreve, e por causa dessa paixão que a menina possui em seus livros, nós leitores recordamos diversas passagens e trechos de sua obra e Marco passa a conhecer e se perceber em Clarices. A adolescente, primeiro amor do personagem principal, é retratada pelo narrador como um deslumbre, vista aos cantos e curvas por Marco, essa descrição pode causar certo incômodo ao leitor, já que estamos falando de um narrador personagem adulto descrevendo de forma até mesmo sensual uma adolescente.
É nítido o amadurecimento emocional que os personagens sofrem ao longo do enredo, e esse amadurecimento conta com a ajuda de Lispector, que vaga no cotidiano e força a introspecção e refletimento nas ações que são cometidas por eles e por outros, como destaca Gabriela Luft em seu artigo “A tendência predominante nas narrativas juvenis brasileiras contemporâneas explora, de maneira geral, temáticas acerca do amadurecimento e da aprendizagem humana de jovens protagonistas que buscam o conhecimento de si mesmos e dos outros” e isso é abordado dentro da obra, a vontade do personagem principal se enxergar e reconhecer em outro.
Ao longo de todo o enredo o narrador segue se desculpando e pedindo perdão por Marco, como se nós, os leitores estivéssemos em condições de julgá-los e decretar para eles então a pena a ser cumprida, e isso não escapa ao final do livro, com o autor se sentido culpado por não se julgar imparcial ao recontar o que lhe foi relatado por Marco, pois para ele o menino merece perdão e não se opõe em suplicar se preciso for “Por fim, como mais uma palavra final que não se pretende definitiva, uma palavra que eu espero que fique ecoando como um clamor, peço mais uma vez o seu perdão para o meu amigo.”
Alunos: Amanda Teixeira, Araís Aloé e João Gabriel.
Amanda, Araís e João, ótima resenha! Vocês atenderam ao que foi proposto, parabéns! Apenas quero chamar a atençao quanto ao excesso de vírgulas em alguns parágrafos. Conforme conversamos nas aulas de Oficina, procurem dar preferência aos períodos curtos e/ou medianos. No mais, desejo que a atividade tenha sido significativa para vocês três. Abraços!
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