Friday, March 10, 2023

No meio da noite escura tem um pé de maravilha: Baú de lembranças

 



No meio da noite escura tem um pé de maravilha é um livro de contos folclóricos de amor e aventura escrito por Ricardo Azevedo em 2002. Esta obra reúne dez contos históricos que circulam no Brasil, recontados e ilustrados pelo autor. Sua escrita revela uma qualidade que é característica dos contos de tradição oral: a reflexão sobre a vida e suas dificuldades, o ensinamento ético e a representação das qualidades humanas, tornando os  textos literários plurissignificativos e possibilitando diferentes leituras.

O livro possui uma linguagem acessível a todos os seus leitores, juntamente com suas ilustrações que possuem uma representação nordestina (própria do cordel) que permite uma imaginação a priori sobre cada conto presente, reforçando a ideia da ilustração cordelista, a capa possui elementos ilustrativos que em conjunto com o título pode despertar no leitor uma curiosidade a respeito dos contos folclóricos.

Entre os dez contos do livros, merecem destaques os seguintes contos:

“Moço bonito e imundo” que retrata um rapaz que vivia tranquilamente até a morte dos seus pais. Diante da situação, ele se vê obrigado a sair pelas ruas em direção ao destino contando com sua sorte. Mas, um certo dia, acontece um encontro inesperado com o “coisa ruim”, “beiçudo”ou  “diabo”, onde surgiu uma proposta irresistível naquele momento que mudaria a vida do moço. O conto traz questões que abordam temas como perdas, coragem, perseverança; situações e atitudes que  ajudam a amadurecer para enfrentar os problemas e conflitos.

“Coco verde e melancia” nos conta uma história sobre um encontro entre dois jovens: Coco verde e Melancia (pseudônimos) traz à tona a dificuldade de um amor proibido, que por um lado há a ganância e ego, já  no outro lado  apenas o coração puro de dois apaixonados.

“As três noites do papagaio” conta as artimanhas feitas por um rapaz, com a ajuda de uma velha feiticeira, para conseguir ficar com uma bela moça, já casada com um vendedor ambulante.

O filho mudo do fazendeiro conta o estratagema usado por uma jovem para conseguir fazer com que um rapaz, que vivia deitado numa cama sem nunca dizer uma palavra, voltasse a falar.

De acordo com Luft em seu artigo “A literatura juvenil brasileira no início do século  XXI: autores, obras e tendências” podemos associar o livro de Ricardo Azevedo em um contexto de limites cronológicos (1921-1944), onde Luft introduz “os aspectos mais recorrentes nas obras destinadas a crianças e jovens são o nacionalismo, o predomínio do espaço rural, a exploração da tradição popular em lendas e histórias e a inclinação educativa”. Podemos dizer que é um livro  de contos repleto de lendas contadas de bisavô para avô, que passa para pai, até chegar ao filho, visando o aspecto histórico, contendo fortes características nordestinas nos fazendo lembrar de aspectos cordelistas; Com ilustrações vibrantes e chamativas que faz com que o leitor entre nesse universo folclórico.

É uma obra premiada em 2003 com o prêmio Jabuti na categoria “Literatura Juvenil”, através da escrita de Ricardo Azevedo podemos perceber no livro temas como regionalismo, como dado exemplo no primeiro conto, onde o autor traz inúmeras nomenclaturas diferentes  para se referir ao “coisa ruim”, com isso, conseguimos a perceber a forte representação nacional no livro. São histórias que foram se modificando ao longo dos tempos, a maioria delas trazidas pelo autor do folclore europeu, mas, com alterações brasileiras se adaptando à cultura local, mantendo sempre um ensinamento valioso ao final da jornada “moral da história”. A estrutura do texto com frases curtas é convite para leitura em voz alta, que pode encantar os leitores de diversas idades. Para quem gosta de ler sobre contos ou até aqueles que não estão acostumados, esta obra é um convite perfeito para se aventurar dentro das histórias dessa maravilha.


Acadêmicos: Lorena Lopes e Felipe Miguel.






4 comments:

  1. Interessante ver outra resenha sobre o mesmo autor escolhido pelo meu grupo. Neste livro, o autor mantém o mesmo tipo de ilustrações que em "O Sábio ao Contrário", desenhos feitos por ele mesmo, e que remetem ao cordel. É, também, interessante que em um dos contos: "As três noites do papagaio", ele usa, novamente, a magia para criar um enredo. Fiquei bastante interessada em ler mais livros deste autor.

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  2. Como a minha resenha foi de um livro do Ricardo Azevedo, fiquei curiosa para ver sobre outro livro dele e é muito incrível poder analisar traços do autor do começo ao fim de uma autoria dele né?! Adoro muito como ele traz esses contos populares para a literatura por muitos motivos, mas acredito que o mais pega pra mim é a representativade do povo brasileiro. Não só o povo, mas sua cultura, suas crenças e seus falares. Acho que depois desse trabalho vou procurar mais obras dele!

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  3. Achei interessantíssimo a resenha, a capa do livro é linda e me chamou muito a atenção, com cores e ilustrações que remetem o nordeste. Os temas trazem desejo pelo conteúdo, bem abrasileirado, o que me fez criar interesse pelo livro. Certamente, irei ler!

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  4. Felipe e Lorena, vocês atenderam ao que foi proposto na atividade, parabéns! E que bacana os comentários feitos pela Beatriz, Maysa e Ana Júlia Rissoni, demonstrando interesse pela obra a partir de justificativas relevantes. Por fim, desejo que a leitura das narrativas tenham sido significativas para vocês todos.

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